Fonte: Porto Editora - ensino do português no estrangeiro
Definir poesia não é muito fácil. José Fanha, autor de poemas, textos e canções, diz que a poesia é “a arte das palavras”, “uma janela aberta sobre o mistério maravilhoso das palavras”.
A poesia é uma arte, como a música ou a pintura. Mas, quando falamos de poesia, podemos referir-nos a um certo tipo de texto – o texto poético, o poema – escrito em verso, com ritmo e, às vezes, com rima. Ou podemos estar a pensar na magia, na imaginação que nos faz ver as coisas de forma diferente…
Em ambos os casos há emoções, inspiração, beleza… Em ambos os casos existem poetas (e poetisas). E, por isso, todos nós somos um bocadinho poetas (e poetisas). Porque, às vezes, temos uma maneira especial de ver ou sentir o que está à nossa volta. E, às vezes, encontramos uma maneira especial de dizer o que pensamos, imaginamos ou sentimos. E isso é a verdadeira poesia!
Miguel Torga escreve, no seu poema “Majestade”:
Passa um rei – é o poeta.
Não pela força de mandar,
Mas pela graça mágica e secreta
De imaginar. (…)
Miguel Torga, “Majestade”, in Antologia Poética,
4.ª ed., Coimbra, ed. do autor, 1994
Miguel Torga: poeta e escritor português do século XX."
Para ficares a conhecer mais sobre Miguel Torga, visita este site
O dia 21 de março é também o Dia Internacional da Árvore (ou da Floresta) e o Dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial. Aqui ficam dois poemas de António Gedeão para celebrar estas datas.
Poema da Árvore
As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.
Edições Sá da Costa, 2008
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